terça-feira, 27 de setembro de 2016

Solidariedades Sociais em Durkheim[1]

D.F.Izidro

Em sua busca por leis e/ou fatos sociais que regem a sociedade moderna, Émile Durkheim (1858-1917), o fundador da Sociologia na Universidade (francesa), pensou ter encontrado na divisão do trabalho a expressão da diferenciação social que gera a integração social ou a solidariedade, coesão e consenso social. Esta mencionada solidariedade, diferente das sociedades tradicionais e/ou primitivas, onde a consciência coletiva (ou homogeneidade social com base em crenças, valores e tradição coletivas) era suficiente para promover a coesão social, regulando também o trabalho social, dita "solidariedade mecânica", denomina-se "solidariedade orgânica", a qual se funda no funcionamento orgânico (base naturalista e biológica) de interdependência entre os  indivíduos em sociedade (e/ou no trabalho). 

Trata-se, portanto, de uma solidariedade fundada em um processo de interdependência social orgânica, onde cada indivíduo presta uma função social em sociedade, o que ocasiona e faz a manutenção da integração social. Em analogia biológico-naturalista, do funcionamento regular de todos os órgãos do corpo depende a sobrevivência do mesmo. Em interação de interdependência orgânica, cada indivíduo contribui para a sobrevivência da sociedade. 

A divisão do trabalho, então, promove a solidariedade (orgânica) e/ou sociabilidade entre os indivíduos com base em suas necessidades sociais (morais). A primeira forma de solidariedade social, portanto, (a mecânica), se pauta na semelhança, enquanto que a segunda (orgânica, moderna), na diferença, entre os indivíduos em sociedade.  Resultam de um processo de Evolução Social (de Spencer). Logo, a divisão do trabalho (no lugar da consciência coletiva), por solidariedade orgânica, na sociedade moderna, segundo Durkheim (na tese central de sua obra Da Divisão do Trabalho Social), tem a função social de integrar à sociedade os indivíduos,  no funcionamento de suas diversas funções sociais. De modo que os vínculos sociais se dão por meio das atividades e/ou funções sociais dos indivíduos (onde um depende, organicamente, do outro). A sociedade moderna, portanto, é formada com base na interdependência orgânica dos indivíduos, quanto à sua organização, na ótica durkheimiana.



[1] Reflexões a partir do material didático do curso de Pós-graduação em Sociologia (Estácio): Sociologia Clássica I. Profª. Mirlene Simões Severo.